FMI
sugere ‘gatilho’ para elevação da idade de aposentadoria
O
Fundo Monetário Internacional (FMI) recomendou nesta terça-feira que os países
tenham mecanismos automáticos de elevar a idade da aposentadoria para cada ano
que aumente a longevidade da população de um país.
A
sugestão foi feita durante a divulgação do quarto capítulo do Relatório sobre a
Estabilidade Financeira Global, que trata do impacto financeiro – para os
países, empresas e indivíduos – do aumento da longevidade.
O
vice-diretor da Divisão, Erik Oppers, disse que o órgão recomenda que os países
elevem a idade de aposentadoria proporcionalmente ao aumento da longevidade.
"Não
basta aumentar a idade uma vez e ficamos por isso. É um processo dinâmico: as
pessoas continuam a viver mais, cada vez mais. Não se trata apenas de aumentar
a idade uma vez, é preciso continuar aumentando", afirmou Oppers.
"Isto
pode ser um processo difícil do ponto de vista político, mas se houver uma
regra que institua uma mudança automática proporcionalmente à longevidade, (os
políticos) não teriam de revisitar o tema."
'Peso'
da aposentadoria
Talvez
por causa das dificuldades políticas, os governos tendem, segundo o relatório,
a subestimar a longevidade de seus cidadãos para efeitos idade de aposentadoria
em cerca de três anos.
Se
for esse o aumento da longevidade até 2050, afirma os relatório, "os
custos já elevados do envelhecimento podem aumentar em mais 50%".
Isto
representaria um custo adicional acumulado de 50% do Produto Interno Bruto
(PIB) de 2010 nas economias avançadas e 25% do PIB de 2010 nas economias
emergentes.
A
maior parte deste custo será absorvida por governos, através de seus regimes de
aposentadoria, ou por empresas, através de seus planos de pensão.
A
solução, para o relatório, é um remédio amargo. "Compensar os efeitos dos
riscos da longevidade requer uma combinação de elevação na idade da
aposentadoria (seja estatutária, seja voluntária); maiores contribuições para
planos de aposentadoria e uma redução dos benefícios pagos", diz o
relatório.
Os
analistas do FMI observam que se para os países ricos o "peso" das
aposentadorias é maior – porque a proporção da população mais velha é maior –
nos emergentes é o tema é cada vez mais importante.
"É
um processo dinâmico: as pessoas continuam a viver mais, cada vez mais. Não se
trata apenas de aumentar a idade uma vez, é preciso continuar aumentando."
Erik
Oppers, vice-diretor da Divisão de Estabilidade Financeira do FMI
Entretanto,
segundo Laura Kodres, como muitos dos novos trabalhadores que engrossam o
mercado formal em países emergentes não faziam parte inicialmente de um sistema
previdenciário, nem todos os custos das suas aposentadorias são transferidas
para terceiras partes.
Isso
significa que são os próprios indivíduos que, sem a cobertura de planos
corporativos ou a rede de previdência do governo, têm de arcar com os próprios
custos do envelhecimento.
"O
risco financeiro não acaba, ele simplesmente é transferido para os
indivíduos", afirmou a especialista.
Dificuldades
políticas
A
dificuldade de implementar medidas lógicas e matemáticas, entretanto, fica
evidente quando se observam as reações a propostas semelhantes recentemente.
Tanto
na França quanto na Grã-Bretanha, o aumento das idades mínimas de aposentadoria
levou milhares de manifestantes às ruas.
No
Brasil, onde os especialistas também chamam atenção para os desequilíbrios
entre benefícios, idade de aposentadoria e recursos disponíveis, o déficit da
previdência do setor público já foi chamado de "bomba-relógio".
Recentemente,
a revista britânica The Economist descreveu o Brasil como "um país jovem,
com uma conta de previdência de velho".
O
país gasta 13% do seu PIB com a previdência, mais que qualquer país do G7 com
exceção da Itália, que tem uma população idosa três vezes maior que a do
Brasil.
fonte: BBC Brasil - notícia original em
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